Ai como eu quero apertar aquele botãozinho vermelho! Aquele botãozinho vermelho que no meio de todos os outros pretos, é vermelho! Botãozinho que não pode ser apertado, mas que também qualquer um não pode deixar de não pensar em apertá-lo. Entendeu? É um botão, é vermelho e posso não apertá-lo, mas sempre hei de querê-lo apertar!
Botãozinho vermelho que mexe comigo, mexe com minha cabeça e que eu não posso mexê-lo. Hipnotiza minha mente e desce para o úmero e alastra pelo cúbito e rádio e atrai minhas falanges. Seduz meus músculos a tocá-lo! Botão, maldito botão, vermelho numa vermelhidão! Tão belo e tão vermelho. Explodirá? Ejetará? Auto-destruirá?
Botão vermelho que me faz suar, transpirar numa ansiedade. Aperto? De leve, senti-lo, degustá-lo, tão liso, tão apertável e tão vermelho. Sirenes? Explosão? Aflição. É um botão, foi feito para ser apertado, mas e o vermelho? Porque vermelho? Porque só este é vermelho? Vou apertar! Não, não, vou esbarrar, sem querer!- sem querer vou esbarrar neste botão vermelho! Estão olhando? Câmeras? Alguém? só eu e o botão e o vermelho? Ai que vermelho!
Sem digitais, pra quê digitais? Digitais não! Vou esbarrar sem deixar digitais! Com o olécrano, de leve, de susto, por cima da blusa e sem digitais. Não! Preciso senti-lo, sentir o vermelho. No três. Um, dois, não... Eu corro? Esbarro no botãozinho vermelho e corro? Vou correr! Um, dois, dois e meio e, corro no três ou corro no já? No três! Um, dois, e e e, três! Mas corro pra onde? Certo, sem corrida. Esbarro no botão vermelho no três e não corro! Sirenes? Explosão? Ejeção?
Sem contar, sem correr, só apertar! Apertar o botão vermelho e só. Vou apertar! Não? Tudo bem, não vou apertar! Eu quero apertar, é vermelho e é um botão! Apertarei! Tão pequenino, imponente, sobressalente. Numa imensidão sem cor, um rubro que destoa. Quer ser apertado, botãozinho vermelho? Vou apertá-lo! Respiração ofegante, pulso acelerado... é tenho que apertar! Que som é esse? Só isso botão vermelho? Esse discreto som? “Pois não senhor, o elevador está com problemas?”
- Não, não, apenas esbarrei neste botão. Me desculpe!
Maldito botão, maldito elevador, maldito vermelho!